Charles Roberto sempre
dizia para mim assim: nada é demasiadamente fácil, afinal as coisas que
supostamente possam ser fácil se dão em decorrência de possuir condições de
conquistar, resolver, relacionar e contextualizar de maneira satisfatória aquilo que se apresenta como um problema ou uma
simples tarefa qualquer. Alguns entusiasmados com os conceitos educacionais
midiáticos e imperialistas diriam: possuem a habilidade e competência para
resolver e desenvolver os modos da resolução de problemas.
Entre diversas coisas que Charles Roberto conversou comigo, esta certamente foi a que mais
obliterou meus pensamentos, uma vez que estou inserido neste contexto
educacional e estes conceitos parecem ser unanimidade acadêmica para o
desenvolver das praticas educativas.
Ressalvo, entretanto que a obliteração ocorreu, inicialmente,
no sentido negativo, tendo em vista o fluxo de construção do conhecimento que
venho desenvolvendo ao longo de minha carreira. Pensei se estava praticando
estes conceitos nefastos - idealizados por Charles
Roberto - que servem para a condução pedagógica na ordem da produção e da
reprodução da capitalização da educação.
Posteriormente fiquei mais tranquilo na medida em que não
tenho realmente pactuado com esta dinâmica sinalizada por Charles Roberto.
Percebi que tenho desenvolvido minhas praticas educativas distanciados - metaforicamente - de conceitos que coloquem a educação como um “produto” comercial e rentável a serviço do capital ainda que existam discussões ulteriores acerca de nossa condição existencial nesta vida mundana, e obviamente da relação prostituída do trabalho que me coloca nesta maquinaria circular e (re) produtivista que, infelizmente, me condiciona e condiciona a todos. Ao menos, me dou o direito crítico e pessoal de ser livre em minha (in) consciência.
Percebi que tenho desenvolvido minhas praticas educativas distanciados - metaforicamente - de conceitos que coloquem a educação como um “produto” comercial e rentável a serviço do capital ainda que existam discussões ulteriores acerca de nossa condição existencial nesta vida mundana, e obviamente da relação prostituída do trabalho que me coloca nesta maquinaria circular e (re) produtivista que, infelizmente, me condiciona e condiciona a todos. Ao menos, me dou o direito crítico e pessoal de ser livre em minha (in) consciência.
Na realidade Charles
Roberto estava sinalizando que precisamos estar preparados para as
oportunidades e dificuldades muitas vezes impostas pelas condições sociais
existentes. E, desta forma, elas sim, se tornam fáceis ou ao menos possíveis de
se resolver nas possibilidades adequadas que estas se apresentam, se
manifestam, ou as que buscamos a todo instante.
As argumentações de Charles
Roberto se sustentavam na ideia que muitos sujeitos não se preparam
adequadamente para seus anseios futuros. Se interessam categoricamente em
comodidades e nos anseios imediatos. Avança ainda considerando que se
movimentam por razoes individuais e não por altruísmos, e ações deste nível tem
individualizado o ser humano, sobretudo neste período que vivenciamos. Um
período que valoriza sistematicamente a virtualidade e a superficialidade das
relações e da forma de conceber o conhecimento.
Estabeleci uma reflexão acerca das argumentações
desenvolvidas por Charles Roberto.
Nesta reflexão procurei fugir da condição binômia; concordo - não concordo;
apenas pensei se existe (ia) fundamentos para pensar tais proposições e quais
seriam os aspectos contraditórios deste processo argumentativo.
Um exercício bem interessante, ao menos para mim, tendo em
vista minha dificuldade teórica de alcançar as considerações de Charles Roberto. Primeira ação
desenvolvida por mim foi de reconhecer minha ignorância e identificar algum
componente que, a partir das minhas possibilidades, poderia, ao menos,
refletir. Posteriormente estabeleci os contextos de base que Charles Roberto trazia em seus
conceitos. Sua condição de família, seus vínculos sociais, suas propostas
veladas e imaginei suas intencionalidades subjetivas contidas em seu discurso.
Ao desenvolver este processo percebi as razoes que o fizeram
a desenvolver tais proposições. Confesso que a concordância aos seus
pensamentos já não eram tão importantes, mas importantes. Todavia, fiquei tenso
ao pensar se Charles Roberto estava
propenso a discutir suas argumentações. Afinal convenhamos, se tenho opiniões,
proposições e contextualizações sobre as coisas, existe a necessidade de
discussão e observação de outras visões e posicionamentos concernentes a estes
fenômenos, e a partir destes, estabelecer outras proposições que não avançam a
simples concordância ou a sua negação.
De maneira pontual diria: preciso estar aberto a outros
posicionamentos. Totalmente contrário aos posicionamentos que infringem a
ética, todavia inclinado a argumentações mais sólidas e consistentes. Pois
assim, aquela condição ignorante que faz parte de mim tem a possibilidade de
conhecer, pensar e agir. Eu conhecendo, pensando e agindo tenho a possibilidade
de me emancipar e me tornar um sujeito melhor e pleno a cada momento.
Desta prosa toda com Charles
Roberto percebi que se faz necessário a ruptura das perspectivas binômias.
É preciso avançar no campo das concepções processuais e não nas proposições
peremptórias. Identifiquei que existe a possibilidade de avançar no campo
investigativo através de coisas comuns e mundanas que se apresentam ou buscamos
diariamente. Apenas precisamos estar propensos a isto e fugir das condições
dogmáticas impostas por diversos segmentos de nossa sociedade.
E como não poderia deixar de dizer: precisamos fugir dos
orelhas secas! Obrigado Charles Roberto!
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