quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Interpretando monstros de outros armários VII


Encontrei um grande amigo no último ano e não pude deixar de prosear com ele. Falamos diversas coisas e argumentamos sempre de maneira efusiva – ao meu julgamento – e fui inclinado a espacializar um conteúdo de nossas prosas. Slype sinalizou suas compreensões acerca da ignorância e da figura do mediador. Fiquei bastante interessado em tal compreensão que assumi tais posicionamentos em minha pequena vida de reflexões mundanas, que segue desta forma:
Pensando e pensando sobre como vivemos ou concebemos a vida fiquei entusiasmado com os acontecimentos que nos cercam diariamente. Neste entusiasmo pude perceber o quanto de dificuldades que pessoas de maneira geral passam e mesmo assim procuram viver da melhor forma possível. Também observei os níveis de sofrimento de sujeitos oriundos de ações devastadoras de outros, e mesmo assim estas sempre procuram viver em harmonia, ou ao menos estabelecendo resignações necessárias a convivência comum.
Estas resignações são dotadas de mediações sobre o conflito que não necessariamente passa pela academia ou pelas instituições escolares. São apenas ações humanas propositivas e benevolentes (ou não) para se viver numa coletividade permissível e apaziguadora. Penso assim, que de extrema necessidade para a manutenção dos aspectos biológicos (homeostase corporal); sociais (convivência comum prazerosa); econômicos (acesso a “suposta” riqueza) e políticos (intenções de convívio). Neste sentido, um equilíbrio fundamental a existência humana, senão estaríamos constantemente no banheiro realizando ações desenfreadas fecais por moléstias intestinais de alto e bom tom.
De certo, podemos pensar que estes processos mediáticos que assolam as pseudonovas metodologias existem desde os tempos mais remotos, portanto a figura do mediador é histórica e vital a condição de convivência humana. Ela é aquela que facilita muitas vezes ou dificulta a “negação do ócio” (negocio). Podemos observar em um grupo de discussão (trabalho em grupo) acadêmico sobre determinada temática.
Existe um tema - ou proposta, tarefa ou consigna - ao quais os membros precisam debater e estabelecer um consenso, ainda que o consenso possa ser a última instancia de processos contraditórios intrínsecos a discussão. Aqueles que possuem maiores condição retóricas parecem se consolidar com mais propriedade no grupo. Contudo, quando estes não possuem tais condições e ambos envolvidos não estão dispostos a ceder a proposições conjecturais o que fazem? Chamam o professor. E cabe a ele a responsabilidade de mediar ou conformar opiniões, argumentações e procedimentos para que se estabeleça, ainda que forçosamente, o consenso. Portanto, companheiros, destruir concepções peremptórias, esta figura ainda existe!
Na esteira das idiossincrasias - como dizia um grande amigo jocosamente - precisamos pensar em navegar em ondas desconhecidas para realmente compreender o diferente e as diferenças existentes na convivência humana. Não existem outras formas de conhecer o desconhecido, senão se aventurar no mundo de maneira despojada e momentaneamente descompromissada dos ranços (in) diretamente impostos por designações de outra ordem. Permitir alguns devaneios e “viagens” algumas vezes parece significante, tendo em vista a caixa velada que habitamos e relutamos em conhecer e se desvencilhar.
De verdade, a ignorância habita nossos corpos de uma maneira que parece ter consciência exata daquilo que faz, determinando os rumos do conhecimento e a contra gotas nos oferece algumas migalhas oportunas que nos cala e nos conforma. Ela é tão perspicaz que assume (iu) uma identidade entre os mortais, parece onipresente e oniciente. Autossustentável, existe por si só. Vocês já pararam para pensar nisto? A ignorância seduz a todos e parece só permitir seus desvelamentos frente aquele que admite e se subjuga. Portanto, somente aos subservientes.
Ela parece um ser - principio da contradição - portanto materialmente existente. Somente um mediador consegue decifrar tais devaneios deste grande e maquiavélico ser. Está presente em todas as instituições de ensino, na esfera pública, nos meios esportivos, portanto nas relações humanas, assumindo caricaturas interessantes e persuasivas. De fato, histórica e debochada, brinca com todos os sujeitos ao seu bel prazer e depois, na condição de vitimização, oferece as migalhas da sabedoria que somente ela possui. E todos ficam felizes para sempre!
Não precisamos deste mediador, e sim daquele que tenha compromisso com o outro e consigo mesmo. Que tenha princípios básicos das condições materiais da existência. Daquele que ser bom e honesto, com compromisso não é virtude e sim preceitos éticos. O mediador é necessário, e, sobretudo desprovido de arrogâncias e da ignorância - sim aquela que existe - para que o consenso possa habitar nosso meio e dirimir melhores condições de vida coletiva e, portanto de paz entre os mortais. Mas lembre, o consenso é o ultimo estágio de um processo exaustivamente contraditório, em que todos têm voz e participam de maneira equânime na construção, seja de conceitos ou simplesmente de ações humanas desejáveis.
E assim, nos tornamos mediadores deste universo que conspira ao (des) equilíbrio, a perfeição do caos!

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