Encontrei um grande amigo no
último ano e não pude deixar de prosear com ele. Falamos diversas coisas e
argumentamos sempre de maneira efusiva – ao meu julgamento – e fui inclinado a
espacializar um conteúdo de nossas prosas. Slype sinalizou suas compreensões acerca
da ignorância e da figura do mediador. Fiquei bastante interessado em tal
compreensão que assumi tais posicionamentos em minha pequena vida de reflexões
mundanas, que segue desta forma:
Pensando e pensando sobre
como vivemos ou concebemos a vida fiquei entusiasmado com os acontecimentos que
nos cercam diariamente. Neste entusiasmo pude perceber o quanto de dificuldades
que pessoas de maneira geral passam e mesmo assim procuram viver da melhor
forma possível. Também observei os níveis de sofrimento de sujeitos oriundos de
ações devastadoras de outros, e mesmo assim estas sempre procuram viver em
harmonia, ou ao menos estabelecendo resignações necessárias a convivência
comum.
Estas resignações são
dotadas de mediações sobre o conflito que não necessariamente passa pela
academia ou pelas instituições escolares. São apenas ações humanas propositivas
e benevolentes (ou não) para se viver numa coletividade permissível e
apaziguadora. Penso assim, que de extrema necessidade para a manutenção dos
aspectos biológicos (homeostase corporal); sociais (convivência comum
prazerosa); econômicos (acesso a “suposta” riqueza) e políticos (intenções de
convívio). Neste sentido, um equilíbrio fundamental a existência humana, senão
estaríamos constantemente no banheiro realizando ações desenfreadas fecais por
moléstias intestinais de alto e bom tom.
De certo, podemos pensar que
estes processos mediáticos que assolam as pseudonovas metodologias existem
desde os tempos mais remotos, portanto a figura do mediador é histórica e vital
a condição de convivência humana. Ela é aquela que facilita muitas vezes ou
dificulta a “negação do ócio” (negocio). Podemos observar em um grupo de
discussão (trabalho em grupo) acadêmico sobre determinada temática.
Existe um tema - ou
proposta, tarefa ou consigna - ao quais os membros precisam debater e
estabelecer um consenso, ainda que o consenso possa ser a última instancia de
processos contraditórios intrínsecos a discussão. Aqueles que possuem maiores
condição retóricas parecem se consolidar com mais propriedade no grupo.
Contudo, quando estes não possuem tais condições e ambos envolvidos não estão
dispostos a ceder a proposições conjecturais o que fazem? Chamam o professor. E
cabe a ele a responsabilidade de mediar ou conformar opiniões, argumentações e
procedimentos para que se estabeleça, ainda que forçosamente, o consenso.
Portanto, companheiros, destruir concepções peremptórias, esta figura ainda
existe!
Na esteira das
idiossincrasias - como dizia um grande amigo jocosamente - precisamos pensar em
navegar em ondas desconhecidas para realmente compreender o diferente e as
diferenças existentes na convivência humana. Não existem outras formas de
conhecer o desconhecido, senão se aventurar no mundo de maneira despojada e
momentaneamente descompromissada dos ranços (in) diretamente impostos por
designações de outra ordem. Permitir alguns devaneios e “viagens” algumas vezes
parece significante, tendo em vista a caixa velada que habitamos e relutamos em
conhecer e se desvencilhar.
De verdade, a ignorância
habita nossos corpos de uma maneira que parece ter consciência exata daquilo
que faz, determinando os rumos do conhecimento e a contra gotas nos oferece
algumas migalhas oportunas que nos cala e nos conforma. Ela é tão perspicaz que
assume (iu) uma identidade entre os mortais, parece onipresente e oniciente.
Autossustentável, existe por si só. Vocês já pararam para pensar nisto? A
ignorância seduz a todos e parece só permitir seus desvelamentos frente aquele
que admite e se subjuga. Portanto, somente aos subservientes.
Ela parece um ser -
principio da contradição - portanto materialmente existente. Somente um
mediador consegue decifrar tais devaneios deste grande e maquiavélico ser. Está
presente em todas as instituições de ensino, na esfera pública, nos meios
esportivos, portanto nas relações humanas, assumindo caricaturas interessantes
e persuasivas. De fato, histórica e debochada, brinca com todos os sujeitos ao
seu bel prazer e depois, na condição de vitimização, oferece as migalhas da
sabedoria que somente ela possui. E todos ficam felizes para sempre!
Não precisamos deste
mediador, e sim daquele que tenha compromisso com o outro e consigo mesmo. Que
tenha princípios básicos das condições materiais da existência. Daquele que ser
bom e honesto, com compromisso não é virtude e sim preceitos éticos. O mediador
é necessário, e, sobretudo desprovido de arrogâncias e da ignorância - sim
aquela que existe - para que o consenso possa habitar nosso meio e dirimir
melhores condições de vida coletiva e, portanto de paz entre os mortais. Mas
lembre, o consenso é o ultimo estágio de um processo exaustivamente
contraditório, em que todos têm voz e participam de maneira equânime na
construção, seja de conceitos ou simplesmente de ações humanas desejáveis.
E assim, nos tornamos
mediadores deste universo que conspira ao (des) equilíbrio, a perfeição do
caos!
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