segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Alguns monstros que estão em meu armário IV


Conversando com um amigo imaginário meu, que chamo de Fleris, discuti algumas proposições que julgo necessário para compreender os motivos que levam a pensar sobre os monstros que saíram do meu armário, e nestas atividades propositivas Fleris me chamou a atenção da necessidade do resgate aos monstros, perguntei a ele como chegou nestas considerações, sem titubear vociferou: você precisa deles para sua constituição como ser humano subjetivo, relacional e essencialmente errante.
Contudo sinalizei ao Fleris que vou expulsar mais alguns monstrinhos e depois trago eles de volta para continuar minha vida terrena e contraditória, afinal tenho certeza de algumas coisas na vida, e uma delas é que os monstrinhos não serão os mesmos ao voltar, pois ao voltar terão novas roupagens, personas e neste sentido, certamente, pensarei em outras dimensões, que não havia pensado anteriormente, portanto me resignificarei como sujeito. Ficamos de acordo com tais colocações, afinal uma das poucas vezes que concordamos; eu e Fleris; com alguma coisa, eheheheh!
Tenho pensado nos últimos tempos o quanto vivo aprisionado neste mundo, nestas condições de vivência. O incrível é que quando não pensava - alienado - sobre estes fenômenos, isto não me angustiava, nem me ocorria discernir, que coisa louca! Mas na realidade eu já dizia em algum tempo atrás - o conhecimento te liberta, mas também te aprisiona - e de fato, quanto mais estudamos, refletimos, pensamos e dialogamos mais perceptivos ficamos e isto muitas vezes oferece limitadores relacionais, dessa forma impedindo algumas entradas. Talvez em função do medo intrínseco do ser humano perder algum posicionamento social ou de similar natureza. Apenas meras conjecturas de um sujeito errante.
Conversando com Fleris, tocando um violão e tudo mais, fui descobrindo as relações existentes entre os tipos de prisões que me acometem. Meu apartamento tem uma péssima acústica, nas ruas, câmeras por todos os lados, na universidade observam minhas vestimentas, o carro que tenho o que consumo, entre outras coisinhas mais.  Ao desenvolver minhas atividades, de igual forma me observam, julgam, estabelecem juízos de valores e pior socializam com os outros, criando um perfil acerca de mim, que inexoravelmente me situam em um contexto de difícil retirada. Contudo, desenvolvo a ideia de que sou responsável pelo que faço, somente isto, portanto, não tenho responsabilidade do que falam de mim e nem de como interpretam minhas ações.
Ao mesmo tempo em que observo minhas prisões, tenho a felicidade de refletir e dividir com Fleris posicionamentos de ordem libertária que de certa maneira se encontram alocadas inicialmente em meu pensamento. De certo sei que meu corpo ocupa um espaço no universo - bem grande eheheh - e desta forma já traduz um tipo de linguagem que poucas vezes observamos. Esta linguagem corporeificada manifesta uma expressão que certamente ao se relacionar com o outro se ressignifica, o que permite interpretar, se policia. Inevitável então dizer - meu pensamento é livre. Ufa! Estava preocupado que não existisse liberdade para nos sujeitos deste mundo.
No âmbito das relações as prisões estão aí, para todos verem. Com algumas paráfrases diria - uma liberdade vigiada com violências simbólicas como dizia um grande autor, uma relação panóptica diria outro, condições alienantes diria um barbudinho, uma sociedade de controle diria um filosofo de relevância acadêmica e inevitavelmente cuidando da vida dos outros e fazendo fofocas diriam os mais ignorantes mundanos.
Estas prisões fazem parte do nosso convívio diário, uns aceitam sem duvida alguma, outros pensam e reproduzem paradigmas vigentes, outros nem sabem delas. Seja como for, uma das poucas coisas que tenho certeza é que no andar das carruagens as abóboras não se ajeitam. E Fleris tem razão ao dizer: sou um dos poucos que pode confiar, confie em mim, pois assim te ajudarei, estabelecerei relações entre os fenômenos e prospectarei melhores condições em suas ações humanas, apenas me alimente todos os dias com bons pensamentos, boas leituras e boas doses de amor, afeto e carinho. Respondi a ele: sem dúvidas és a minha punção desejosa, minha consciência e demais instancias psíquicas. Obrigado Fleris!


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Alguns monstros que estão em meu armário III

Ao sentar em uma mesa em bar para tomar um café, começo a pensar no quanto de vida que existe por detrás, ou pela frente do “mundinho que vivo”. Constatações que iniciam pela observação de pessoas que destinam seus momentos de diversão ao jogar “dominó, cartas entre outros jogos” e que se propõem a busca de digressões das mazelas que a vida – uma explanação meramente coloquial, pois a vida poderia ser reflexo de uma construção de ideias e atitudes, o que levaria a não mais uma apresentação e sim a resultado ou consequência das atividades subjetivas de cada ser, ou ainda de reflexos de natureza historicamente produzidas - apresenta.
O que de fato interessa a mim, e o (des) compromisso de socializar aquilo que mais nos permite despojar-se das “polícias” que nos engaiolam e que me engaiola, por ser um ser servilizado, ops!!! civilizado.
Ao me dar o beneficio da observação não sistemática, fico emocionado ao ver que é possível, ainda que de forma subjetiva e pseudo-autônoma, criar situações; acontecimento; ou simplesmente “viagens” de libertação em espaços que não existem liberdade, a saber: a sociedade civil organizada eheheh! De fato o que vejo traduz a ideia de permissão de fazer “algumas” coisas que não são possíveis em ambientes de outra natureza como feudos, castelos e instituições por exemplo.
Já dizia uma grande amiga, e digo de passagem que nestas circunstâncias pactuamos da mesma concepção de que a utopia é o motor pulsante de mobilizações das reações e das transformações sociais, o que seria interpretar a busca, busca, busca e a busca de algo; às vezes intangível, mas de ordem projetável, ainda que longínquo. 
E neste sentido, a observação não sistemática favorece a interpretar os fenômenos despojados das gaiolas epistemológicas na qual colocamos e somos colocados constantemente em diversos momentos de nossa vida, portanto utopia caracterizando o desejo incessante e deveras ‘lejos’ de alcançar algo que acredita, e em umas vezes não.
Uma das vantagens de exterminar os monstros que estão em meu armário e de relatar ou sinalizar em palavras aquilo que penso sem a necessidade de me engaiolar em alguns pontos fundantes, posso ser aquilo que sou em alguns momentos sem me preocupar em não ser aquilo que sou diariamente, um personagem que às vezes gostaria de ser e outras não.
Realmente uma franqueza basilar que me consolida como um ser observador que pode ser observado por si mesmo. Por isto disse em outros textos, este exercício reflexivo permite um contato e convívio meta-analítico.
Neste bar somos basicamente todos vulneráveis a observação, mas o legal é que não nos preocupamos com isto, este momento se estabelece como um mero e raro momento de diversão em tempos tecnológicos que podemos usufruir sem precisar “pagar”, apenas usufruir.
Resumindo o texto: é confortante a sensação ou a pseudoimpressão que somos livres nesta organização social. Viva as condições subjetivas de autonomia, pois me acordam todos os dias da minha vida. Aquela que produzo socialmente e às vezes se apresenta a mim, eheheheheh!


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Educação Significativa


Final de Semana de desenvolvimento da Educação Física, ministrando aula de Avaliação, Prescrição e Periodização de Exercício para a turma de Personal Trainer em Lages. Tive o prazer de abrir e fechar o curso - aula inicial e final - desta turma esforçada e compromissada com suas atividades profissionais. Abraço forte a todos
Eduardo Cartier

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Alguns monstros que estão em meu armário II


Certa vez ao sair da academia de ginástica e musculação dei início a uma reflexão que tinha apenas o objetivo de refletir sobre algumas coisas mundanas, talvez aquela que minha ignorância permita observar, afinal existe tantas coisas para pensar, fazer e tudo mais, que restou a mim alguns fenômenos, que para mim se mostrou explícito, portanto óbvios, próprios dos sujeitos comuns.
Vamos lá então nesse exercício reflexivo que razões levam o ser humano a julgar o outro a ponto de interferir negativamente na vida de outrem? Afinal sabemos, sem hipocrisia, que o julgamento faz parte no nosso convívio, afinal somos humanos, e “minimamente humanizados”, contudo expor estes conceitos elaborados “a priori” parece ser perigoso e nefasto, pois não proporciona condições do outro se estabelecer como sujeito relacional a partir sua subjetividade de maneira direta, oportuna e comunal, diria “uma grande covardia”.
Por outro lado poderia desenvolver a ideia de que aquilo que falamos do outro – talvez segredos – é um problema só de quem fala, e que de maneira geral pode ser um limitador relacional, pois bem, um aprisionamento que beira um “campo de concentração” em que quem fala, julga e estabelece formação de opinião morre solitariamente em sua subjetividade, salvo em casos que envolvem patologias da psique.
É! Refletir convoca aquele que reflete a uma intimidade perturbadora, pois trás consigo seus “gritos”, portanto exposições. Provoca; quando explana aos diversos ventos; no outros julgamentos – um ciclo continuista – que reforça a ação de julgar o outro, que condição esquizofrênica, sem surtos! Mas vamos lá, continuemos ignorantes ou arrogantes, humildes ou petulantes, altruístas ou babacas (como dizem alguns), lembrem estas categorias sinalizadas já são algumas “gaiolas”, nesse sentido julgamentos, mas seja algo e não aqueles que julgam para sobrepujar, ou como dizia um grande homem, seja autentico e verdadeiro.
É companheiros, o “barato” destas redes sociais neste mundo “ultramoderno” e proporcionalmente “anacrônico” é que elas servem para estas postagens – como a minha – que podem não servir para nada, absolutamente nada – lembram são apenas reflexões – ou podem permitir aproximações e distanciamentos dos outros, afinidades e estranhamentos apenas por pensar e escrever, em alguns casos somente por existir de maneira diferente do outro ou do protocolo supostamente humanizado.
O exercício de eliminar os monstros é uma boa terapia para mim, afinal me livro de alguns ranços que possuo, de alguns problemas de ordem mentais e relacionais, isto me parece muito interessante, todavia preciso e sinalizo a todos que precisamos ter muito cuidado com este mundo hodierno, afinal os monstros do armário estão se soltando, alguns já estão soltos, onde estarão se hospedando? 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Alguns monstros que estão em meu armário


 Entro pela aquela catraca, e logo me encontro num ambiente que inspira saúde, seja ela em qualquer concepção conceitual idealizada, afinal paira a certeza de que aquela atividade faz bem para a melhoria dos sujeitos que destinam um tempo de suas vidas para praticar uma atividade que julgam eles necessária para complexidade humana, pois tenho em mim a certeza de que esta atividade realmente faz bem à aqueles que praticam.
A contradição se instala quando atingir as metas desejadas não se materializam, ora por questões ulteriores, ora por dimensões somatotípicas que não condizem com estruturas corporais desejadas e corporificadas, e neste momento aquela atividade que traria benefícios à complexidade humana assume caráter de angústia e, com isto, certamente condições nefastas ao organismo humano.
Sabe-se que frustrações e angustias proporcionam ao organismo uma série de alterações psíquicas que de maneira sincrônica e coaduna o corpo físico do ser humano sofre e acusa as mais diversas patologias em que podemos pensar: como algo tão simples pode comprometer tanto nossas condições de saúde? 
Certamente as fragmentações do corpo humano idealizadas neste ambiente; que de maneira despojada e tranquila digo em primeira pessoa; são inexoravelmente obras de uma perspectiva produtivista de captação de recursos em que ter um corpo físico humano paradigmático é fundamental para exercer determinado posicionamento social, e neste sentido uma “produção em série”.
Ao me perceber neste ambiente começo a desenvolver minhas atividades – professoráticas – em que oportunizar estas produções parece estar impregnadas em minha consciência, e posteriormente em minhas ações relativas a docência, inquestionável, eloquentes e porque não dizer, bem intencionadas, contudo também percebo o quanto estou (amos) fadados a reproduzir uma ideia modu(e)lar e segmentária se não pensarmos em um ser humano uno, “talvez” indivisível.
Levo estas mesmas indagações para o ambiente universitário, no qual também desenvolvo minhas atividades “aquelas professoráticas” e também percebo tais fenômenos, e fico a pensar: onde estamos? O que queremos? Para onde vamos? Perguntas já bem feitas - e discutidas - por inúmeros filósofos da antiguidade até os dias (noites) de hoje, todavia para mim é fundamental descobrir tais indagações quando possuímos compromissos constantes de oferecer possibilidades ao ser humano de se emancipar, portanto muito diferente dos compromissos com o adestramento. Adestramento que figura basicamente em todas as esferas que envolvem relações humanas - ou de poder!
Realizar um processo de transição das atividades “aquelas professoráticas” para atividades “significativas” demanda rupturas, barreiras reativas e constantes conflitos, neste sentido posso pensar que estou em apuros, pois minhas barreiras são gigantescas, em que em tempos de “modernidade líquida” (peguei emprestado de Bauman) poderiam ser vistas de outro planeta. Voltando e respondendo as indagações no parágrafo anterior responderia superficialmente “sem ser líquido” estamos subjugados aos interesses de outros, queremos mais crescimento econômico e dicotomicamente desenvolvimento, e assim caminhamos para um novo giro paradigmático que poderíamos refletir será subjetivo, subliminar ou peremptoriamente diretivo e determinista?!
Isto sim, só nossas ações ao longo tempo dirá, enquanto isto seguimos alterando programas de exercício físico e reformulando matrizes teóricas, discutindo e discutindo a reforma agrária, fortalecendo a ideia de (in)sustentabilidade para que as gerações futuras mantenham a linha desenvolvimentista sustentada na “ordem e progresso”.