Entro pela aquela catraca, e
logo me encontro num ambiente que inspira saúde, seja ela em qualquer concepção
conceitual idealizada, afinal paira a certeza de que aquela atividade faz bem
para a melhoria dos sujeitos que destinam um tempo de suas vidas para praticar
uma atividade que julgam eles necessária para complexidade humana, pois tenho
em mim a certeza de que esta atividade realmente faz bem à aqueles que
praticam.
A contradição se instala
quando atingir as metas desejadas não se materializam, ora por questões
ulteriores, ora por dimensões somatotípicas que não condizem com estruturas
corporais desejadas e corporificadas, e neste momento aquela atividade que
traria benefícios à complexidade humana assume caráter de angústia e, com isto,
certamente condições nefastas ao organismo humano.
Sabe-se que frustrações e
angustias proporcionam ao organismo uma série de alterações psíquicas que de
maneira sincrônica e coaduna o corpo físico do ser humano sofre e acusa as mais
diversas patologias em que podemos pensar: como algo tão simples pode
comprometer tanto nossas condições de saúde?
Certamente as fragmentações
do corpo humano idealizadas neste ambiente; que de maneira despojada e
tranquila digo em primeira pessoa; são inexoravelmente obras de uma perspectiva
produtivista de captação de recursos em que ter um corpo físico humano
paradigmático é fundamental para exercer determinado posicionamento social, e
neste sentido uma “produção em série”.
Ao me perceber neste ambiente
começo a desenvolver minhas atividades – professoráticas – em que oportunizar
estas produções parece estar impregnadas em minha consciência, e posteriormente
em minhas ações relativas a docência, inquestionável, eloquentes e porque não
dizer, bem intencionadas, contudo também percebo o quanto estou (amos) fadados
a reproduzir uma ideia modu(e)lar e segmentária se não pensarmos em um ser
humano uno, “talvez” indivisível.
Levo estas mesmas indagações
para o ambiente universitário, no qual também desenvolvo minhas atividades
“aquelas professoráticas” e também percebo tais fenômenos, e fico a pensar:
onde estamos? O que queremos? Para onde vamos? Perguntas já bem feitas - e
discutidas - por inúmeros filósofos da antiguidade até os dias (noites) de
hoje, todavia para mim é fundamental descobrir tais indagações quando possuímos
compromissos constantes de oferecer possibilidades ao ser humano de se
emancipar, portanto muito diferente dos compromissos com o adestramento.
Adestramento que figura basicamente em todas as esferas que envolvem relações
humanas - ou de poder!
Realizar um processo de
transição das atividades “aquelas professoráticas” para atividades
“significativas” demanda rupturas, barreiras reativas e constantes conflitos,
neste sentido posso pensar que estou em apuros, pois minhas barreiras são
gigantescas, em que em tempos de “modernidade líquida” (peguei emprestado de
Bauman) poderiam ser vistas de outro planeta. Voltando e respondendo as
indagações no parágrafo anterior responderia superficialmente “sem ser líquido”
estamos subjugados aos interesses de outros, queremos mais crescimento
econômico e dicotomicamente desenvolvimento, e assim caminhamos para um novo
giro paradigmático que poderíamos refletir será subjetivo, subliminar ou
peremptoriamente diretivo e determinista?!
Isto sim, só nossas ações ao
longo tempo dirá, enquanto isto seguimos alterando programas de exercício
físico e reformulando matrizes teóricas, discutindo e discutindo a reforma
agrária, fortalecendo a ideia de (in)sustentabilidade para que as gerações
futuras mantenham a linha desenvolvimentista sustentada na “ordem e progresso”.
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