segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Alguns monstros que estão em meu armário


 Entro pela aquela catraca, e logo me encontro num ambiente que inspira saúde, seja ela em qualquer concepção conceitual idealizada, afinal paira a certeza de que aquela atividade faz bem para a melhoria dos sujeitos que destinam um tempo de suas vidas para praticar uma atividade que julgam eles necessária para complexidade humana, pois tenho em mim a certeza de que esta atividade realmente faz bem à aqueles que praticam.
A contradição se instala quando atingir as metas desejadas não se materializam, ora por questões ulteriores, ora por dimensões somatotípicas que não condizem com estruturas corporais desejadas e corporificadas, e neste momento aquela atividade que traria benefícios à complexidade humana assume caráter de angústia e, com isto, certamente condições nefastas ao organismo humano.
Sabe-se que frustrações e angustias proporcionam ao organismo uma série de alterações psíquicas que de maneira sincrônica e coaduna o corpo físico do ser humano sofre e acusa as mais diversas patologias em que podemos pensar: como algo tão simples pode comprometer tanto nossas condições de saúde? 
Certamente as fragmentações do corpo humano idealizadas neste ambiente; que de maneira despojada e tranquila digo em primeira pessoa; são inexoravelmente obras de uma perspectiva produtivista de captação de recursos em que ter um corpo físico humano paradigmático é fundamental para exercer determinado posicionamento social, e neste sentido uma “produção em série”.
Ao me perceber neste ambiente começo a desenvolver minhas atividades – professoráticas – em que oportunizar estas produções parece estar impregnadas em minha consciência, e posteriormente em minhas ações relativas a docência, inquestionável, eloquentes e porque não dizer, bem intencionadas, contudo também percebo o quanto estou (amos) fadados a reproduzir uma ideia modu(e)lar e segmentária se não pensarmos em um ser humano uno, “talvez” indivisível.
Levo estas mesmas indagações para o ambiente universitário, no qual também desenvolvo minhas atividades “aquelas professoráticas” e também percebo tais fenômenos, e fico a pensar: onde estamos? O que queremos? Para onde vamos? Perguntas já bem feitas - e discutidas - por inúmeros filósofos da antiguidade até os dias (noites) de hoje, todavia para mim é fundamental descobrir tais indagações quando possuímos compromissos constantes de oferecer possibilidades ao ser humano de se emancipar, portanto muito diferente dos compromissos com o adestramento. Adestramento que figura basicamente em todas as esferas que envolvem relações humanas - ou de poder!
Realizar um processo de transição das atividades “aquelas professoráticas” para atividades “significativas” demanda rupturas, barreiras reativas e constantes conflitos, neste sentido posso pensar que estou em apuros, pois minhas barreiras são gigantescas, em que em tempos de “modernidade líquida” (peguei emprestado de Bauman) poderiam ser vistas de outro planeta. Voltando e respondendo as indagações no parágrafo anterior responderia superficialmente “sem ser líquido” estamos subjugados aos interesses de outros, queremos mais crescimento econômico e dicotomicamente desenvolvimento, e assim caminhamos para um novo giro paradigmático que poderíamos refletir será subjetivo, subliminar ou peremptoriamente diretivo e determinista?!
Isto sim, só nossas ações ao longo tempo dirá, enquanto isto seguimos alterando programas de exercício físico e reformulando matrizes teóricas, discutindo e discutindo a reforma agrária, fortalecendo a ideia de (in)sustentabilidade para que as gerações futuras mantenham a linha desenvolvimentista sustentada na “ordem e progresso”.

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