Educação Física Refém do Capital!

As reflexões e compreensões que se utilizam da história para o entendimento dos problemas humanos asseveram, pontualmente, a recorrência e descrição das lutas mobilizadoras dos humanos em períodos anteriores e a comparação dessas mesmas lutas com os propósitos que, no momento, condicionam os indivíduos para ações práticas, devidamente consideradas legítimas. Situar a Educação Física neste contexto, é perceber todo o processo de mobilização acerca das possibilidades de materializar uma prática educativa crítica, emancipatória, superadora, que transcenda e não seja acéfala, meramente prática ou sem significação, pois a venda da força de trabalho aliena o profissional de Educação Física de sua capacidade de descoberta em relação ao produto do seu trabalho. O controle do processo de produção se solidifica nas mãos do capitalista e o trabalhador se desumaniza ao ficar na condição de dependência dos que possuem os meios de produção. Até quando a Educação Física ficará refém da perspectiva alienante do capital que prioriza a cada momento a reprodução de lucros esportivos, da indústria do lazer, do corpo belo e perfeito e do fitness? A Educação Física continua se materializando a serviço do capital, ora explícito, ora mascarado pelas classes dominantes, mesmo com todo o discurso de desenvolvimento integral, permanente e autônomo. A proposta de educar pensando e acreditando ter superado o retrógrado, convencional, militarizado e classista se mantém intacto e regulado por normas internacionais, capitalistas de corpos saudáveis destinado a buscar inconscientemente e conscientemente um padrão corporal pré-determinado pela mídia e demais atores sociais. É preciso elaborar práticas corporais que rompam com a visão mecânica do movimento, conseqüências e características, desenvolvendo a linguagem corporal não com a reprodução de estereótipos tomados de forma acrítica, mas como um complexo conjunto de atividades multiculturais, imbricadas de forma orgânica ao conjunto das práticas sociais. A cidadania se torna significativa quando os sujeitos cognoscentes percebem as normas e técnicas como produtos históricos, portanto, passíveis de intervenção humana transformadora para uma sociedade que transcenda e se emancipe a fim de melhorar as condições de reflexividade para a população.
Reflexão publicada em 22/04/2009 na Folha de Blumenau

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