segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Interpretando os monstros de outros armários IX



 Em um daqueles dias chuvosos e frios em que as manhas não convidam a uma atividade laborativa, o conforto da casa parece convidar a mais alguns minutos de relaxamento, portanto daquela derradeira dormida, os cinco minutos finais. E, percebo que tenho que levantar e enfrentar - sim, pois nestas condições é de fato um enfrentamento - os desígnios que o trabalho me oferece, me sugere ou me destina.
Levanto lentamente, estabeleço minha rotina e sigo em frente. Agora mais ávido e devidamente acordado observo as consequências que o trabalho, as pessoas, as relações, ou seja, todas as coisas mundanas que nos acometem todo o dia possuem influência sobre nós singelos mortais. Ora influencia negativa, ora positiva, todavia influencias de todas as naturezas.
Nesta lida diária converso com muitas pessoas e percebo o quão distanciado estamos, mesmo que as condições tecnológicas nos possibilitem contatos com pessoas em locais longínquos. De certo entendemos que tudo isto é fruto de nossa própria construção, e neste sentido vivemos o que escolhemos diariamente ao longo da vida.
Mas nesta esfera reflexiva comecei a observar as pessoas do ponto de vista das relações familiares. Para tal, categorizei algumas premissas que julgo interessante e concentrei meu olhar nesta trilha. De modo a compreender ainda que superficialmente - afinal lembrem-se dos meus monstrinhos anteriores: posso construir meu pensamento até o aonde minha ignorância tácita permite, portanto minhas limitações são grandes impeditivos de aprendizagem. Duro isto, mas é verdade – a influencia que as coisas mundanas e as pessoas possuem sobre mim e aos outros.  A purificação da família; a transferência de responsabilidades, dos filhos como possibilidade de renda e por fim da refutabilidade valorativa, foram as categorias.
Como sempre pedi ajuda a algumas pessoas para esta construção deste pequeno emaranhado de opiniões, afinal sozinho não conseguiria. Slype me ofereceu sua compreensão sobre a purificação da família; Charles Roberto me oportunizou sua argumentação sobre a transferência de responsabilidades; Gio fez suas considerações sobre dos filhos como possibilidade de renda e Black Mamba teceu comentários concernentes a refutabildade valorativa.
Slype desenvolve sua ideia sustentada na concepção que a família tende a estabelecer um processo de purificação dos seus e de suas ações. Ao estarmos na coletividade tendemos a idealizar a perfeição ou uma grande proximidade desta. E isto se deve ao fato, segundo Slype, que existe a necessidade de um protecionismo que facilitará o processo de inclusão e da condição de pertencimento deste mesmo espectro social. E que quando os envolvidos nesta prosa estão distanciados deste entorno familiar em decorrência da morte ou da separação; como exemplo; surgem elementos que destroem aquela purificação familiar. Sinaliza inclusive, que isto também ocorre em outras dimensões, tais como empresas ou clubes.
De uma forma mais simples, mas bastante contundente, diria: enquanto servimos estamos protegidos. Quando não pertencemos mais a este entorno não servimos mais.
Charles Roberto trouxe uma contribuição bastante interessante sobre a transferência de responsabilidades. Evidencia suas compreensões com um questionamento a priori, a saber: nesta atual sociedade - tenha ela o rótulo que quiser, pós-moderna, modernidade liquida, neomodernismo, pseudomodernismo, modernismo – quem cuida de nossos filhos? Quem cuida das pessoas que cuidam de nossos filhos? Continua suas colocações aclarando tal concepção. Contratamos uma babá para cuidar de nossos filhos, esta por sua vez em sua maioria das vezes contrata outra babá - um claro exercício de precarização do trabalho - a babá subsequente deixa seu filho em uma creche, portanto alguém cuida de seu filho e assim segue este circulo de cuidado.
Observa, portanto que quem cuida dos nossos filhos é o outro, e talvez isto precise ser considerado reflexivamente, tendo em vista o processo de cuidado e amor que idealizamos pelos outros. Se terceirizarmos nossos maiores tesouros, como podemos amar os outros ou minimamente compreender o amor?
Gio por sua vez, com igual importância, nos mostra seu entendimento sobre dos filhos como possibilidade de renda já asseverando que pais que fazem os filhos para estes trabalharem para o aumento da renda possuem pouco amor pelos mesmos. Traz alguns exemplos como forma explicativa.
Os pais depositam seus filhos na escola de depois se estes não escolhem fazer uma atividade formativa devem trabalhar para ajudar na renda familiar. Enquanto estiver sobre meu teto estará sobre minhas regras. No futuro deverá pagar o que investimento que fiz em você. Gio repudia isto de maneira veemente, argumentando que é um dever dos pais darem as condições adequadas a uma formação educacional (in) formal. Chama estes de verdadeiros déspotas. E que se realmente fizerem isto de forma afetiva e carinhosa existe grande possibilidade deste, de maneira autônoma, escolher boas trilhas para a vida.
Black Mamba em suas argumentações entende que a refutabilidade valorativa seria uma forma de conhecer outras perspectivas de valores. De outros olhares. Diz: é difícil compreender os valores do outro quando estes não são os nossos valores. Meus valores são mais verdadeiros e legítimos do que qualquer outro. Minhas concepções são as mais seguras e confiáveis. A crítica reside na dificuldade de conceber diferentes contextos, culturas e assim outros posicionamentos. Pergunta assim: é possível uma mulher devidamente obesa com celulites e estrias usar biquíni na praia sem ser alvo de criticas e chacotas?
No âmbito da dificuldade de aceitar outros valores Black Mamba indaga aos diversos ventos: temos saída? Quais caminhos a seguir? E termina sinalizando, sim temos saídas e muitas trilhas, sobretudo aquelas que materializam nossa consciência.
Então, em um dia chuvoso - assim como qualquer outro - é possível pensar sobre os fenômenos que nos rodeiam e fazem parte de nós, portanto nos constituem sujeitos. Como em outras vezes por mim desenvolvida nos monstros evidencio novamente que os aspectos peremptórios contidos nas argumentações dos meus amigos são as considerações menos importante. O exercício reflexivo e suas consequências são as atividades mais interessantes e representativas.
Neste sentido, compreendo que a reflexão ainda é um grande exercício físico em suas concepções mais teóricas - portanto, neste sentido fujo drasticamente da concepção comunal acerca do exercício físico - e sendo assim precisa ser respeitado todos os seus princípios diretrizes para o alcance de um objetivo traçado.
Meus amigos sugiro este exercício a todos. Bom abraço a todos!

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