Em um daqueles dias chuvosos
e frios em que as manhas não convidam a uma atividade laborativa, o conforto da
casa parece convidar a mais alguns minutos de relaxamento, portanto daquela
derradeira dormida, os cinco minutos finais. E, percebo que tenho que levantar
e enfrentar - sim, pois nestas condições é de fato um enfrentamento - os
desígnios que o trabalho me oferece, me sugere ou me destina.
Levanto lentamente,
estabeleço minha rotina e sigo em frente. Agora mais ávido e devidamente
acordado observo as consequências que o trabalho, as pessoas, as relações, ou
seja, todas as coisas mundanas que nos acometem todo o dia possuem influência
sobre nós singelos mortais. Ora influencia negativa, ora positiva, todavia
influencias de todas as naturezas.
Nesta lida diária converso
com muitas pessoas e percebo o quão distanciado estamos, mesmo que as condições
tecnológicas nos possibilitem contatos com pessoas em locais longínquos. De
certo entendemos que tudo isto é fruto de nossa própria construção, e neste
sentido vivemos o que escolhemos diariamente ao longo da vida.
Mas nesta esfera reflexiva
comecei a observar as pessoas do ponto de vista das relações familiares. Para
tal, categorizei algumas premissas que julgo interessante e concentrei meu
olhar nesta trilha. De modo a compreender ainda que superficialmente - afinal
lembrem-se dos meus monstrinhos anteriores: posso construir meu pensamento até
o aonde minha ignorância tácita permite, portanto minhas limitações são grandes
impeditivos de aprendizagem. Duro isto, mas é verdade – a influencia que as
coisas mundanas e as pessoas possuem sobre mim e aos outros. A purificação da família; a transferência de
responsabilidades, dos filhos como possibilidade de renda e por fim da refutabilidade
valorativa, foram as categorias.
Como sempre pedi ajuda a
algumas pessoas para esta construção deste pequeno emaranhado de opiniões,
afinal sozinho não conseguiria. Slype me
ofereceu sua compreensão sobre a purificação
da família; Charles Roberto me oportunizou
sua argumentação sobre a transferência de
responsabilidades; Gio fez suas
considerações sobre dos filhos como possibilidade
de renda e Black Mamba teceu comentários
concernentes a refutabildade valorativa.
Slype
desenvolve
sua ideia sustentada na concepção que a família tende a estabelecer um processo
de purificação dos seus e de suas ações. Ao estarmos na coletividade tendemos a
idealizar a perfeição ou uma grande proximidade desta. E isto se deve ao fato,
segundo Slype, que existe a
necessidade de um protecionismo que facilitará o processo de inclusão e da
condição de pertencimento deste mesmo espectro social. E que quando os
envolvidos nesta prosa estão distanciados deste entorno familiar em decorrência
da morte ou da separação; como exemplo; surgem elementos que destroem aquela
purificação familiar. Sinaliza inclusive, que isto também ocorre em outras
dimensões, tais como empresas ou clubes.
De uma forma mais simples, mas
bastante contundente, diria: enquanto servimos estamos protegidos. Quando não
pertencemos mais a este entorno não servimos mais.
Charles
Roberto trouxe uma contribuição bastante interessante sobre a
transferência de responsabilidades. Evidencia suas compreensões com um
questionamento a priori, a saber: nesta atual sociedade - tenha ela o rótulo
que quiser, pós-moderna, modernidade liquida, neomodernismo, pseudomodernismo,
modernismo – quem cuida de nossos filhos? Quem cuida das pessoas que cuidam de
nossos filhos? Continua suas colocações aclarando tal concepção. Contratamos
uma babá para cuidar de nossos filhos, esta por sua vez em sua maioria das
vezes contrata outra babá - um claro exercício de precarização do trabalho - a
babá subsequente deixa seu filho em uma creche, portanto alguém cuida de seu
filho e assim segue este circulo de cuidado.
Observa, portanto que quem
cuida dos nossos filhos é o outro, e talvez isto precise ser considerado
reflexivamente, tendo em vista o processo de cuidado e amor que idealizamos
pelos outros. Se terceirizarmos nossos maiores tesouros, como podemos amar os
outros ou minimamente compreender o amor?
Gio por
sua vez, com igual importância, nos mostra seu entendimento sobre dos filhos como possibilidade de renda
já asseverando que pais que fazem os filhos para estes trabalharem para o
aumento da renda possuem pouco amor pelos mesmos. Traz alguns exemplos como
forma explicativa.
Os pais depositam seus
filhos na escola de depois se estes não escolhem fazer uma atividade formativa
devem trabalhar para ajudar na renda familiar. Enquanto estiver sobre meu teto
estará sobre minhas regras. No futuro deverá pagar o que investimento que fiz
em você. Gio repudia isto de maneira
veemente, argumentando que é um dever dos pais darem as condições adequadas a
uma formação educacional (in) formal. Chama estes de verdadeiros déspotas. E
que se realmente fizerem isto de forma afetiva e carinhosa existe grande
possibilidade deste, de maneira autônoma, escolher boas trilhas para a vida.
Black
Mamba em suas argumentações entende que a refutabilidade valorativa
seria uma forma de conhecer outras perspectivas de valores. De outros olhares.
Diz: é difícil compreender os valores do outro quando estes não são os nossos
valores. Meus valores são mais verdadeiros e legítimos do que qualquer outro.
Minhas concepções são as mais seguras e confiáveis. A crítica reside na
dificuldade de conceber diferentes contextos, culturas e assim outros
posicionamentos. Pergunta assim: é possível uma mulher devidamente obesa com
celulites e estrias usar biquíni na praia sem ser alvo de criticas e chacotas?
No âmbito da dificuldade de
aceitar outros valores Black Mamba
indaga aos diversos ventos: temos saída? Quais caminhos a seguir? E termina
sinalizando, sim temos saídas e muitas trilhas, sobretudo aquelas que
materializam nossa consciência.
Então, em um dia chuvoso -
assim como qualquer outro - é possível pensar sobre os fenômenos que nos
rodeiam e fazem parte de nós, portanto nos constituem sujeitos. Como em outras
vezes por mim desenvolvida nos monstros evidencio novamente que os aspectos
peremptórios contidos nas argumentações dos meus amigos são as considerações
menos importante. O exercício reflexivo e suas consequências são as atividades
mais interessantes e representativas.
Neste sentido, compreendo
que a reflexão ainda é um grande exercício físico em suas concepções mais
teóricas - portanto, neste sentido fujo drasticamente da concepção comunal
acerca do exercício físico - e sendo assim precisa ser respeitado todos os seus
princípios diretrizes para o alcance de um objetivo traçado.
Meus amigos sugiro este
exercício a todos. Bom abraço a todos!
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