Várias vezes participei de
congressos, seminários, oficinas ou algo do gênero, ora como apresentador de
trabalhos, ora como ouvinte. Sempre tive comigo que ali se reúnem sujeitos para
discutir, refletir e estabelecer outras concepções sobre os fenômenos em
discussão e até buscar melhores condições de vida aos habitantes deste planeta.
Se não pensassem assim encontros como estes não passariam de (é) ventos. Para a
minha grata surpresa no congraçar de minhas análises mais vezes minha premissa
básica se evidenciou em detrimentos dos (é) ventos.
Ao sinalizarmos a
necessidade de reunir-se e discutir nossas ideias deixamos claro aquilo que
constantemente falo em meus modestos textos. Precisamos da opinião alheia para
buscar o suprassumo de nossas reflexões e por consequência nossas ações.
Esta dinâmica - aqui chamada de acadêmica - se espacializa também no mundo fora
dos bancos escolares. Em conversas de bar, rodas de chimarrão e churrasco com
amigos, tenho observado que as pessoas buscam; ainda que muitas vezes como pano
de fundo; a melhor condição de vida. Desta forma posso afirmar com honestidade
e sem demagogia: temos saídas ainda neste mundo que prioriza o ter e a
meritocracia. Apenas precisamos - como dizia um filósofo brasileiro - nos
permitir atitudes politicamente incorretas.
Ser
politicamente incorreto, em minha concepção, é perceber que em determinados
momentos precisamos expor nossa concepção independente das condições
manifestadas. Por exemplo: perguntei ao um companheiro meu há um tempo o que
pensava sobre as condições de relações sociais entre os seres humanos.
Respondeu-me de maneira impetuosa e lacônica: hipócritas e demagogas. Nossa!
Fiquei surpreso, constrangido e preocupado. Afinal, tinha alguém mais insatisfeito
com os rumos da humanidade do que eu (risos).
Por
um momento em minha vida pensei ser um ser pessimista e arredio, contudo
percebo que tem mais gente nestas condições do que daquele que vos fala. Que
pactua deste sentimento (risos). Fiquei contente e triste ao mesmo tempo, -
nesta ordem - feliz pelo fato de saber que existem alguns patrícios que pensam
nesta visão não romantizada e que tem em si a ideia que a “ironia é o primo
pobre do sarcasmo” uma concepção por mim desenvolvida a partir do pessimismo, e
por sua vez, triste por saber que este pessimismo pode vir a ser um pensamento
único, portanto levando as condições materiais do ser humano a beira de uma
tristeza coletiva e do engano do mundo.
Não
se dando por satisfeito meu companheiro continuou suas considerações
enigmáticas. Eduardo, digo que os
seres humanos são hipócritas e demagogas por diversos motivos, contudo a
certeza de que utilizamos recursos e artifícios subliminares na construção de
nossas estratégias para conviver em sociedade me permite desenvolver a ideia
que estamos oferecendo ao outro algo impuro, portanto não o melhor que temos, e
sim o melhor que temos para termos algo em beneficio. Comentei: algo como máscaras? Sinalizou:
sim. Afinal criamos regras e leis para contornar e conformar aquilo que nos
mesmo produzimos. E quando perdemos controle precisamos frear e bloquear.
Exemplo disto são as leis de trânsito - que surgem demagogicamente porque
queremos carros mais rápidos; o incentivo ao crédito – que condiciona o ser
humano ao consumismo desnecessário; ao incentivo midiático oportunista – que
fomenta na cabeça do ser humano a necessidade de ter e ter. Além de outras
coisas mais de igual relevância.
Fiquei
atento escutando suas colocações e pensando naquilo que havia comentado. E em
primeira instância concordando com suas reflexões, realiando um filme
imaginário sobre os exemplos colocados e sua forma de conduzir suas ideias. Perguntei a ele: está passando por
alguma dificuldade emocional? Seja em qualquer instancia: trabalho, família,
amigos, entre outros? Sinalizou: não
apenas traçando uma realidade dura e politicamente correta que habita nosso
meio de convivência e basta nos colocarmos numa situação de “estranhamento” e
conseguiremos observar tais fatos e condições. Comentei: perguntei isto, porque quando comento aos outros sobre
tais concepções - estou agora concordando já em segunda instancia - surgem os
pseudos psicólogos comentando nesta esteira comigo. Sinalizou: esqueça, seja politicamente incorreto, mesmo que isto
esteja na base conflituosa. Sua felicidade depende de suas ideias e ações e
não, necessariamente, na concordância do outros aos seus pensamentos.
Naquele
momento pensei estar no lugar certo, na hora certa. Poucas são as vezes que
temos a oportunidade de encontrar alguém que demonstra suas ideias.
Independente se elas são coadunas com as suas ou não. Mas, o exercício de
dialogar ainda me chama muita atenção, afinal falar e escutar num dialogo ainda
é um prazer incomensurável. Observar que não existem protagonistas e nem
coadjuvantes numa prosa é uma raridade e dou muito valor a isto.
Fiquei
contente em encontrar tal companheiro. Ainda que possa algum dia refutar suas
ideias - em terceira instancia - me mostrou a necessidade de ser politicamente
incorreto, mesmo que isto crie situações bem desagradáveis. E, desta prosa
cheguei a algumas considerações. Primeiro:
busquemos ser aquilo que necessariamente precisamos ser, portanto, não sejamos
mais e nem menos que podemos ser, sejamos autênticos. Segundo: priorize e valoriza aqueles que demonstram respeito e
lealdade, pois estes terão mais possibilidades de serem politicamente
incorretos com você. E por fim:
sejamos politicamente incorretos e nos respeitemos.
Obrigado
meu companheiro, até a próxima!
Fiquei boquiaberta com seu texto... um mero acaso que digitei aqui no google "tristeza coletiva" e cai nesse site que me convidou a uma prosa mto boa!
ResponderExcluirFiquei na curiosidade de saber oq mais tem por aqui! Outro dia eu volto! :-)) Até mais!