Com
certa constância emitimos juízos a todos e para todos. Damos opiniões,
conselhos, pontos de vista e sermões sobre os mais diversos assuntos e sujeitos
e sempre com a clareza de estar bem intencionado - ou minimamente comprometido
- com os fenômenos em questão, que certamente denotam uma intencionalidade
humana em colaborar com o sofrimento ou alegrias do outro. O que muitas vezes
não pensamos, ou pensamos e ignoramos, é que existe todo um contexto ao entorno
do fenômeno ou sujeito que possui em si naturezas diversas, seja de ordem
cultural, social, psíquica e, portanto que influenciam a razão de cada um e de
outrem. Com o advento das redes sociais a premissa do julgamento se torna mais
clara e evidente, uma vez que a partilha volitiva e alienante dos que – dos que
curtem ou compartilham – realizam tal ação estabelece uma rede ou um conluio de
grande repercussão midiática, e com isto formação de opiniões e conceitos as
vezes inapropriados ou severamente incriminador. De certo sabemos daqueles
sujeitos responsáveis que utilizam as e das redes sociais para os devidos fins,
e é para este que escrevo com certa constância. Quais sãos os fins? De
relacionar com o outro pela necessidade de ter no e com o outro aquilo que mais
pressupõe a natureza humana, a saber: o convívio. E sabe-se, que sem este não
existiria relação, portanto sei que tenho grandes conviventes, aqueles que sigo
e aqueles que me seguem. Feliz é quem tem este convívio, e neste sentido sem
sombra de duvidas sou feliz, graças aos meus convivas que não me julgam e nem
me condicionam intencionalmente, apenas convivem comigo pelo prazer de estar ou
“compartilhar” suas vidas comigo. Gracias aos convivas!
Eduardo CARTIER Larangeira [Oficial]
Reflexões de Eduardo Cartier
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domingo, 7 de julho de 2013
Minhas Ignorâncias: do ônus e o bônus
Com
frequência nos deparamos com situações em que devemos escolher sobre uma ou
outra coisa. E claro qualquer que seja a decisão, ela é dotada de compromissos,
o ônus e o bônus da escolha. Fizemos analises e reflexões para realizar aquela
que mais bônus teremos em concomitância contraditória ao ônus desta. Talvez em
nossa mente o momento da escolha é o único momento em que temos a certeza que
ainda temos a possibilidade autentica de não criar conflitos com outras pessoas
e instituições ou dos objetos da escolha, portanto, temos apenas o conflito de
ideias que habitam nossos “cococêfalos”, e pasmem todos, os mais danosos ao
corpo, ou melhor, a corporeidade humana, afinal a somatização positiva ou
negativa do pensamento traz consequências incomensuráveis ao estado de saúde do
sujeito, ora para o bem, ora para o mal. Pois bem, minha ignorância reside em
saber - ou não saber, por isto da ignorância - escolher as decisões mais
relevantes a vida comum. Sim, as que vivo, dotada de posicionamentos,
intencionalidades e necessidades. Meu conforto é que ao pensar nas decisões
continuamente me dedico ao exercício da condição benevolente e positiva das
consequências comuns. Se existe alguma instancia psíquica dentro de nós que não
dominamos certamente minhas decisões e ações acerca desta identificam minha
conduta, caso contrario não seria responsável pelos meus atos. Neste sentido,
me responsabilizo totalmente pelas as decisões que tomo, ainda que às vezes,
momentaneamente, o ônus seja maior que o bônus. Vivo naquela condição: a utopia
move aqueles que decidem viver em comunas, independente dos ceticismos e dos
céticos. Viverei com o ônus de minhas decisões, mas apenas por um período,
afinal sei do bônus que me espera. Somos construtores da e de nossa história,
portanto não nos omitimos e sim escolhemos sempre, ainda que o preço possa
parecer difícil de pagar! Uma eterna relação de ônus e bônus!
quinta-feira, 23 de maio de 2013
Minhas Ignorâncias: da amizade
Numa
relação de sujeitos em que partilham dos mesmos interesses, gostos e
idiossincrasias são possíveis observar pequenas rupturas ou digressões que
chamarei de relações tangenciais. Pela razão de que amigos muitas vezes se
relacionam de maneira não fortuita. Neste sentido, a amizade é valorizada ou
solidificada ao que convém. Ex. Se os sujeitos realizam todos os meus
interesses são grandes amigos, caso contrário a lógica passa a operar de
maneira inversa, ou seja, são observadas e rotuladas como difíceis no trato, e
portanto, não sociáveis. A amizade parece estar condicionada aos anseios e
interesses de outrem, em que o valor intrínseco daquela reciprocidade passa ser
mera condição retórica ao exercício de fato da amizade. Particularmente procuro
amizades que me identificam como um ser errante e incompleto que necessita de
outras pessoas e me edificam constantemente com subsídios reflexivos para o bem
viver. Se tiver algum amigo em particular que apreça e considere, o valorize.
Se tiveres apenas alguns conhecidos, faça o da mesma forma. De resto, amizade a
todos, afinal as relações tangenciais estão presentes em nosso meio, na espera
e atenta por uma oportunidade de se manifestar.
domingo, 10 de março de 2013
Minhas ignorâncias: a felicidade
A ideia de felicidade é bastante
difusa. Alguns dizem que ela é transitória. Outros relatam que se dá numa
constante sucessão de fatos e/ou acontecimentos e fenômenos de ordem subjetiva.
Pois bem, de certo é deveras de
natureza ambígua e polissêmica e por bem dizer muito complexa. Os ideais
de felicidade de um modelo econômico que prima pela produção, acumulação e
distribuição da riqueza parece trazer em si concepções de felicidade nas
condições de consumo e na aquisição das coisas, objetivamente enquanto coisas
sejam humanos ou não humanos ou algo sem suposta vida.
Neste ínterim, pessoas se
transformam (conjectura) em coisas, ou seja, se identificam e solidificam o
caráter fetichista da mercadoria; atestando este conceito marxista latente em
dias atuais. Parece que todos aqueles que fogem a esta vertente persuasiva e
diretiva estão a margem de uma sociedade que visualiza as coisas, como coisas.
Ao refletir sobre determinados
temas, penso exclusivamente em sujeitos dispostos a pensar o mundo por outros
olhares. Aqueles que fogem do fluxo contínuo e historicamente enraizado em
nossos cérebros. Pensar o invisível parece ser uma tarefa difícil, e neste caso
complicado. Afinal ao pensar não mais invisível, e sim possível de reflexões e
contextualizações.
Portanto ao pensar felicidade,
gostaria de compreender os ideais que nos levam a buscar freneticamente as
coisas. Afinal penso que também busco, infelizmente, algum tipo de coisa.
Todavia, busco aquela autonomia, ao menos em minha subjetividade, que seja
possível de um sujeito pensante. Mesmo que aos olhos de muitos não sirva para
nada, contudo serve, demasiadamente, para mim e para a minha felicidade. Esta
sim distanciada de minhas conjecturas.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
Interpretando os monstros de outros armários X
Todos nós conhecemos a
expressão “sanguessuga”, certo?! Pois bem, longe dos conceitos etimológicos e biológicos,
e sim numa concepção sustentada no senso comum e nas figuras de linguagem é que
conversei com uma pessoa comum; aqui chamarei de Robson, pois não lembro o seu
nome, que posteriormente após longas conversas descobri ser ele um Doutor - não
me lembro em que - mas que no momento não exercia suas atividades por motivos
diversos.
Pois bem, tudo aconteceu de
maneira bem tranquila. Eu ali sentado em um banquinho em uma praça de Belo
Horizonte, esperando chegar a hora de viajar encontro Robson. Caminhava lentamente, sentou ao meu lado e pediu uns
trocados ou algo para comer. Tinha esquecido minha carteira no alojamento e
disse que buscaria para dar o que me havia pedido. Peguei a carteira e passei
num carrinho de cachorro quente comprei e levei a ele.
Perguntei de onde era. Quais
eram os motivos que levaram ele a ter sua vida dedicada a mendicância.
Sinalizou: desilusões amorosas, conflitos no trabalho e a possibilidade de ser
ou estar livre. Concentrei-me na segunda assertiva; os conflitos de trabalho. Era de uma cidade do interior e não me
respondeu o que fazia antes da mendicância. Contudo, continuei a conversar com
Robson, pois tinha 30 ou 40 minutos a esperar. E confesso que aquele senhor de
aproximadamente de 50 anos me chamava a atenção pela sua eloquência.
Através dos meus
questionamentos começou a falar sobre os conflitos de trabalho. Disse ele que o
extremou foi à quantidade de pessoas que o procuravam para obter vantagens ou
oportunidades em decorrência do prestigio que possuía. Que eu categorizei como
“sanguessugas”. E depois que conquistavam seus interesses o abandonavam e isto,
em função de sua autoestima baixa em decorrência da primeira assertiva, foi
decisivo em sua escolha. Atualmente tem 15 anos de vida nas ruas. Sobrevive de
doações e cortesias de pessoas que o admiram e solidarizam com sua história.
Um encontro ao acaso
serviu-me para pensar algumas coisas que aconteceram comigo e com outros amigos
e elaborei esquemas e reflexões sobre aquele singelo encontro. Associe a outro
encontro que tive também em uma cidade do interior de SC há pouco tempo atrás
com um sujeito de igual perspectiva.
Os “sanguessugas” são
sujeitos que entram em sua vida para buscar algum tipo de beneficio, por certo
período de tempo; e depois saem de nossas vidas de igual forma: imediata e
sorrateiramente. Buscam sugar “todo o seu sangue” sugam tanto, por diversas
vezes, até esgotar seus reservatórios.
Como verdadeiros “vampiros”
sugam e consomem toda a sua energia até conquistarem seus objetivos e metas
desenhadas. Suas ações são; perfeitamente; planejadas e sistematizadas que são
capazes de qualquer coisa para conquistar suas artimanhas.
Lido com elas
constantemente. Em todos os seguimentos que atuo. Aqueles que invadem sua
família são os piores me parece. Pois, te beijam no rosto, estabelecem relações
de grande proximidade, compactuam projetos e compartilham felicidades e
tristezas de maneira a buscar proximidade, intimidade e confiança.
Vejo isto, constantemente,
em filmes, novelas e seriados de televisão. Todavia na vida material e real e
complicado e complexo de entender.
No alto de minhas interpretações (que não são
tão altas assim) Robson evidenciava
que não soube conviver com isto na época e preferiu sair de cena e se dedicar a
terceira premissa, ainda que ela pareça uma atitude escalafobética e insana.
Sentiu-se mais feliz, pois
se despojou de suas vaidades (tinha evidenciado em determinado momento que era
extremamente vaidoso) e conseguiu ver o mundo por outras lentes, e com isto se
tornou mais humano e menos tenso e ansioso. Pensei comigo: sim com este estilo
de vida é possível se tornar menos ansioso e menos tenso, afinal não necessita
pensar nas relações e redes necessárias ao convívio social. Está deveras a
margem disto tudo.
De certo, são escolhas. Para
uns certas, para outras erradas, ou para outras apenas escolhas. Certamente
alguém fará ou até o momento já fez alguma relação “viva assim então”, pois
nesta esteira certa vez me disseram Por que não vive lá? (quando vivi em outro
país e falei muito bem deste). O exercício reflexivo pode ser trágico e
repulsivo quando vai de encontro ao coletivo do sistema ou da conjuntura.
Robson
escolheu viver assim, pois sinalizou um desprendimento deste mundo complexo.
Disse estar feliz (não quis discutir o conceito de felicidade, tendo em vista a
subjetividade conceitual existente dado ao tempo de prosa que tivemos) e o observei
assim. Imaginei “os sanguessugas” perto de mim, ao meu redor, buscando alguma
coisa que julgam que tenha. E a única coisa que tenho, certamente nunca terão
profundamente.
Ao final de nossa prosa
soube que Robson largou a
universidade e suas atividades para se dedicar a mendicância e a terceira
premissa. Não sei se conseguiu plenamente. Mas tenho a clareza que os valores
podem ser bem diferentes dos valores dos outros. E que se soubéssemos respeitar
os valores dos outros o mundo certamente seria melhor ou minimamente mais
interessante menos prolixo (embora saiba que prolixas são pessoas).
Com Robson aprendi varias coisas. Uma delas é: procure um sensor anti
“sanguessugas”, e outra: seja mais tranquilo em relações aos outros. Obrigado Robson, espero vê-lo ainda em algum dia
ou noite.
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