segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Alguns monstros que estão em meu armário VI



Conversando com um conhecido meu de longa data no cenário esportivo, fomos recordando alguns momentos que vivenciamos juntos no período em que jogávamos juntos. Nestas lembranças estavam presentes os momentos felizes vivenciados, bem como aquelas situações que não nos deram muitas satisfações de viver, contudo nos permitiu ficar “calejado” aos acontecimentos neste mundo esportivo, portanto posso afirmar seguramente: a experiência é uma condição importante na consolidação do indivíduo como sujeito relacional.
Depois de bom tempo sem se falar ficamos ali sentados e atentos aos rumos que cada um tomou em suas vidas. Eu ainda envolvido no basquetebol e ele distante, todavia sempre perto de pessoas envolvidas na modalidade. Algo que falou me surpreendeu e chamou muito a minha a atenção, comentou sobre os rumos do basquetebol; as condições de tratamento e reverencias sobre autoridades; da mercadorização do esporte de base; dos desmandos de dirigentes e arbitragens; da renovação de técnicos e treinadores e inclusive do investimento público. Fiquei estarrecido, como podia meu conhecido estar atento a isto e alguns minutos assistindo uma partida de determinado certame?
Fiquei impressionado sim, simplesmente porque quando o jogava não tinha preocupações “políticas” com a modalidade. E nas condições que atualmente se encontra consegue (iu) fazer uma análise pontual e oportuna mesmos estando distanciado e abstraído da modalidade em questão. O que de muitas formas me deixou muito feliz, afinal sinalizou que é possível pensar de maneiras diferentes mesmo em tempos diferentes.
Diante destas reflexões estabelecidas com o meu conhecido, começamos a constatar que as renovações no cenário esportivo - obviamente numa visualização a partir do basquetebol de maneira geral - são deveras inoportunas, sobretudo para os déspotas e centralizadores que habitam a esta esfera ao longo do tempo. Mas por causa de quais motivos constatamos isto? Simples, as modalidades esportivas normalmente estão vinculadas a algum tipo de poder, portanto uma estabilidade presente e premente que permite, assim como qualquer funcionário público, certa parcimônia e comodismo.
Neste ínterim, ficava a pergunta entre nós: como pode um ser humano acumular diversos cargos desenvolvendo seu ofício? Por exemplo, falei para o meu conhecido que conheço pelo menos duas dezenas de pessoas envolvidas com o basquetebol que possuem carga horária alta de trabalho pelo município, estado, treinam equipes e estão vinculados com horas em escolas privadas e instituições de ensino superior? Certamente em algum lugar de desenvolvimento destes ofícios eles não estão. E meu conhecido fez o seguinte comentário: suas colocações perpassam a determinados posicionamentos, que inevitavelmente subsidiam a ideia central sustentada nas relações de poder.
Bah! Assim falei: lembrei-me de tudo que tenho vivenciado no âmbito esportivo, e, inclusive no cenário acadêmico. Confessei a ele que era melhor não tê-lo encontrado, tendo em vista o caráter traumatizante que me submeteu. As condições utópicas desenvolvida no teor de nossas prosas são de cunho ideológico operacional sim, portanto ressignificante, e ao presenciar comentários e reflexões que outrora existiam e não são atualmente discutidas, fico preocupado com os delineamentos do esporte. Mas seguimos na lida, lutando pelas oportunidades equânimes.
Em um dos pontos de nossa reflexão, percebemos que esta dita renovação ocorre fundamentalmente de uma forma hierárquica, ou seja, aquela que conserva os feudos, castelos, entre outras formas deterministas de relações para o trabalho. Novamente reintero o que pensei ao estabelecer esta reflexão com meu conhecido: traumatizante! Mas pensei também: o que são traumas? Danos de toda ordem ou feridas respondi imediatamente. E por quais motivos tentamos nos afastar deles, se estes estão presentes e nos constituem como sujeitos com todas as feridas narcisistas do mundo. Respondi: talvez porque estamos sempre precisando de respostas imediatas e não de reflexões ulteriores.
Depois de finalizar - ao menos do ponto de vista participante - esta reflexão com meu conhecido, me ocorreu que como é necessário e basilar outros olhares para as mesmas temáticas por todos nos vividas. Afinal estas permitem - quando nos permitimos - desenvolver a dialética numa perspectiva individual e coletiva. Por quê? Ao apensar na reflexão exercida, portanto, de maneira individual, imagino ou me projeto nas condições materiais de minha existência material, e posteriormente de maneira coletiva as ressignifico nas relações sociais.
Toda esta pequena reflexão se deu em virtude de encontrar um conhecido de longa data. Muito mais valiosa e traumatizante do que a prosa feita, foi a evidencia fortuita de um sujeito que está fora do sistema esportivo e observou de maneira imparcial, portanto sem a intencionalidade de cavar um lugar neste espaço sideral que é o esporte, as mazelas históricas e profundas de um rançoso mecanismo esportivo que vem se consolidando como tal e excluindo outras possibilidades de pensar os desígnios de um conteúdo maravilhoso, o esporte!
O que podemos pensar ou fazer em relação a tudo isto, caso não concordamos? Não sei ao certo, contudo tenho uma certeza de que quanto mais pessoas observarem tais incongruências, mais condições teremos de pensar os rumo de qualquer coisa que o valha, pois o que importa são as reflexões sistematizadas e operacionalizadas num espaço que torço para que um dia seja devidamente justo.
E em tempos de diversidade - simplesmente uma palavra modal na esfera social - pensar na inserção do outro em condições adequadas de convivência pode ser uma estratégia para um bem maior, seguramente o reconhecimento do outro.
Na geometria desse mundo me disseram que eu sou quadrado, mas eu sou triangular e quem sabe circular (Dazaranha)! (eheheh) É amigos (as) que bom que somos todos diferentes, apenas precisamos respeitar as diferenças e contemplar a ética e a vida. Viva a alteridade e declaremos repúdio aos feudos e combatemos com força os caciques esportivos, mas cada um do jeito!
Lá se foi um monstro... (eheheheh) dos grandes...! Abraços.


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