Conversando com um conhecido
meu de longa data no cenário esportivo, fomos recordando alguns momentos que
vivenciamos juntos no período em que jogávamos juntos. Nestas lembranças
estavam presentes os momentos felizes vivenciados, bem como aquelas situações
que não nos deram muitas satisfações de viver, contudo nos permitiu ficar
“calejado” aos acontecimentos neste mundo esportivo, portanto posso afirmar
seguramente: a experiência é uma condição importante na consolidação do
indivíduo como sujeito relacional.
Depois de bom tempo sem se
falar ficamos ali sentados e atentos aos rumos que cada um tomou em suas vidas.
Eu ainda envolvido no basquetebol e ele distante, todavia sempre perto de
pessoas envolvidas na modalidade. Algo que falou me surpreendeu e chamou muito
a minha a atenção, comentou sobre os rumos do basquetebol; as condições de
tratamento e reverencias sobre autoridades; da mercadorização do esporte de
base; dos desmandos de dirigentes e arbitragens; da renovação de técnicos e
treinadores e inclusive do investimento público. Fiquei estarrecido, como podia
meu conhecido estar atento a isto e alguns minutos assistindo uma partida de determinado
certame?
Fiquei impressionado sim, simplesmente
porque quando o jogava não tinha preocupações “políticas” com a modalidade. E
nas condições que atualmente se encontra consegue (iu) fazer uma análise
pontual e oportuna mesmos estando distanciado e abstraído da modalidade em
questão. O que de muitas formas me deixou muito feliz, afinal sinalizou que é
possível pensar de maneiras diferentes mesmo em tempos diferentes.
Diante destas reflexões
estabelecidas com o meu conhecido, começamos a constatar que as renovações no
cenário esportivo - obviamente numa visualização a partir do basquetebol de
maneira geral - são deveras inoportunas, sobretudo para os déspotas e
centralizadores que habitam a esta esfera ao longo do tempo. Mas por causa de
quais motivos constatamos isto? Simples, as modalidades esportivas normalmente
estão vinculadas a algum tipo de poder, portanto uma estabilidade presente e
premente que permite, assim como qualquer funcionário público, certa parcimônia
e comodismo.
Neste ínterim, ficava a
pergunta entre nós: como pode um ser humano acumular diversos cargos desenvolvendo
seu ofício? Por exemplo, falei para o meu conhecido que conheço pelo menos duas
dezenas de pessoas envolvidas com o basquetebol que possuem carga horária alta
de trabalho pelo município, estado, treinam equipes e estão vinculados com
horas em escolas privadas e instituições de ensino superior? Certamente em
algum lugar de desenvolvimento destes ofícios eles não estão. E meu conhecido
fez o seguinte comentário: suas colocações perpassam a determinados
posicionamentos, que inevitavelmente subsidiam a ideia central sustentada nas
relações de poder.
Bah! Assim falei: lembrei-me
de tudo que tenho vivenciado no âmbito esportivo, e, inclusive no cenário
acadêmico. Confessei a ele que era melhor não tê-lo encontrado, tendo em vista o
caráter traumatizante que me submeteu. As condições utópicas desenvolvida no
teor de nossas prosas são de cunho ideológico operacional sim, portanto
ressignificante, e ao presenciar comentários e reflexões que outrora existiam e
não são atualmente discutidas, fico preocupado com os delineamentos do esporte.
Mas seguimos na lida, lutando pelas oportunidades equânimes.
Em um dos pontos de nossa
reflexão, percebemos que esta dita renovação ocorre fundamentalmente de uma forma
hierárquica, ou seja, aquela que conserva os feudos, castelos, entre outras
formas deterministas de relações para o trabalho. Novamente reintero o que
pensei ao estabelecer esta reflexão com meu conhecido: traumatizante! Mas
pensei também: o que são traumas? Danos de toda ordem ou feridas respondi
imediatamente. E por quais motivos tentamos nos afastar deles, se estes estão
presentes e nos constituem como sujeitos com todas as feridas narcisistas do
mundo. Respondi: talvez porque estamos sempre precisando de respostas imediatas
e não de reflexões ulteriores.
Depois de finalizar - ao
menos do ponto de vista participante - esta reflexão com meu conhecido, me
ocorreu que como é necessário e basilar outros olhares para as mesmas temáticas
por todos nos vividas. Afinal estas permitem - quando nos permitimos - desenvolver
a dialética numa perspectiva individual e coletiva. Por quê? Ao apensar na
reflexão exercida, portanto, de maneira individual, imagino ou me projeto nas
condições materiais de minha existência material, e posteriormente de maneira
coletiva as ressignifico nas relações sociais.
Toda esta pequena reflexão
se deu em virtude de encontrar um conhecido de longa data. Muito mais valiosa e
traumatizante do que a prosa feita, foi a evidencia fortuita de um sujeito que
está fora do sistema esportivo e observou de maneira imparcial, portanto sem a
intencionalidade de cavar um lugar neste espaço sideral que é o esporte, as
mazelas históricas e profundas de um rançoso mecanismo esportivo que vem se
consolidando como tal e excluindo outras possibilidades de pensar os desígnios
de um conteúdo maravilhoso, o esporte!
O que podemos pensar ou
fazer em relação a tudo isto, caso não concordamos? Não sei ao certo, contudo
tenho uma certeza de que quanto mais pessoas observarem tais incongruências,
mais condições teremos de pensar os rumo de qualquer coisa que o valha, pois o
que importa são as reflexões sistematizadas e operacionalizadas num espaço que
torço para que um dia seja devidamente justo.
E em tempos de diversidade -
simplesmente uma palavra modal na esfera social - pensar na inserção do outro
em condições adequadas de convivência pode ser uma estratégia para um bem
maior, seguramente o reconhecimento do outro.
Na
geometria desse mundo me disseram que eu sou quadrado, mas eu sou triangular
e quem sabe circular (Dazaranha)! (eheheh) É amigos (as) que bom
que somos todos diferentes, apenas precisamos respeitar as diferenças e
contemplar a ética e a vida. Viva a alteridade e declaremos repúdio aos feudos
e combatemos com força os caciques esportivos, mas cada um do jeito!
Lá se foi um monstro...
(eheheheh) dos grandes...! Abraços.
Nenhum comentário:
Postar um comentário