Passaram anos e décadas e
certos acontecimentos apenas adquiriram outras configurações, mas sua natureza
basilar insistiu e insisti em perdurar. Observem alguns fenômenos na atualidade
e a sua raiz histórica. Parece perdurar ao longo do tempo e tendem a se
manifestar como algo novo e condicionante. Para ilustrar tais colocações sugiro
observar alguns fenômeno e situações: comecemos pelo esporte; depois a política
e por fim o ambiente escolar.
Em tempos longínquos
lutava-se pela manutenção da vida, com (em) arenas e estádios lotados para
contemplar a barbárie que vinha da luta ou do domínio de um povo através da
força (física). E, enquanto isto, todos se deliciavam, ficavam estarrecidos e
felizes com a morte do oponente, da subserviência do subjugado, algo bem
parecido, evidenciado e cortejado nos dias atuais nos estádios, sobretudo de
futebol, local em que é permitido xingar, brigar com árbitros e atletas com a
mera desculpa que é um momento de lazer, de extravasar sentimentos ocultos que
ficam tatuados na psique humana.
Tenho certeza absoluta que
em algum momento da minha vida talvez já tenha experimentado -
importante ressaltar inconscientemente - como protagonista das ações este
pensamento e sentimento arrogante e desumano, ao mesmo tempo, fico feliz em
pensar que quando tive a oportunidade, ou o bom senso para refletir sobre isto,
assim o fiz. E, por consequência disto, consegui superar tais absurdos que só a
mente humana é capaz de produzir.
Na política, participamos de
uma falcatrua pseudodemocrática, sobretudo em tempos de eleição, em que se
utilizam dos mais diversos meios de persuadir a população para um processo que
de democrático não tem nada, aliás, do mais alto nível de uma ditadura é
impossível, afinal não temos condições e livre arbítrio para escolher além dos
que estão tentando o pleito. Pensem com a urna eletrônica, nem temos mais
condição de protestar, pois um voto errado - aquele que sinalizei fora dos
candidatos prováveis - tem o mesmo crédito de um voto de protesto - nulo.
Portanto nunca saberão se o voto foi errado ou de protesto. Tecnologia a
serviço de quem e para quem?!
E na escola ou espaço
escolar, tendemos a criar situações mais confortáveis em detrimento da luta ou
necessidade da reflexão sobre o processo ensino aprendizagem. Por exemplo,
criamos - educandos e educadores - subterfúgios para facilitar nossa vida ou
percurso escolar. Compreendemos muitas vezes o ensino como algo distanciado da
realidade empírica. De certo, tenho a clareza que muitas coisas oferecidas e
observadas na escola pouco servem para o desenvolvimento humano em sua
totalidade, uma vez que muitos sinalizam - aqueles que possuem o algum poder,
ou aqueles que gozam destes poderes, ou aqueles que nem sabem que isto existe -
que é melhor ficar em um estado de ignorância e “deixar a vida acontecer”, ou
“no andar da carruagem as abóboras se ajeitam”.
Ledo engano, quanto mais
ignorantes, mais controle destes com e para aqueles. Insisto apenas em dizer
que precisamos outro paradigma de existência, em que lutar por isto implica e
“tensão constante”; “perda de condições a
priori”; “rótulos que caracterizam subversão”; e “condições marginais à
ordem e progresso”. A existência acima evidenciada está dotada de implicações
filosóficas e sociais que atestam rupturas com os modelos que certamente
“moldam” e “adestram” a continuação desta sociedade e por consequência desta
humanidade funcional e continuista.
Este pensamento surge numa
conversa de bar travada com um grande amigo de longas datas. Certamente com
pensamentos convergentes. A sacanagem com ele é que me apropriei das suas
reflexões, portanto internalizei tais conceitos e textualizei de maneira
singular, contudo minha proximidade com ele me permite (iu) o livre pensar,
pois o conhecimento está disponível a todos os mortais, portanto posso dizer,
observando obviamente os espaços, que se faça algo bom com aquilo que se escuta
e se observa, ainda que muitas vezes atitudes inconsistentes, erradas e
unilaterais possam iludir os nobres mortais.
Uma vez pensando em acertar,
dificilmente prejudica-se alguém, e se prejudicar, ressignifique seus conceitos
suas ações e continuemos a praticar o bem em quaisquer circunstâncias
evidentes. E uma máxima importante, ao pensar em totalidade humana, sejamos
altruístas e não desejemos o bem aos outros por pensar que gostaríamos isto
para nós, façamos o bem sempre pensando apenas em fazer o bem, portanto
fortuitamente e sem o desejo da dádiva. Beijos, sejamos críticos,
questionadores e amáveis. Bondade a todos, hasta
la victoria siempre.
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