sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Interpretando monstros de outros armários II



Passaram anos e décadas e certos acontecimentos apenas adquiriram outras configurações, mas sua natureza basilar insistiu e insisti em perdurar. Observem alguns fenômenos na atualidade e a sua raiz histórica. Parece perdurar ao longo do tempo e tendem a se manifestar como algo novo e condicionante. Para ilustrar tais colocações sugiro observar alguns fenômeno e situações: comecemos pelo esporte; depois a política e por fim o ambiente escolar.
Em tempos longínquos lutava-se pela manutenção da vida, com (em) arenas e estádios lotados para contemplar a barbárie que vinha da luta ou do domínio de um povo através da força (física). E, enquanto isto, todos se deliciavam, ficavam estarrecidos e felizes com a morte do oponente, da subserviência do subjugado, algo bem parecido, evidenciado e cortejado nos dias atuais nos estádios, sobretudo de futebol, local em que é permitido xingar, brigar com árbitros e atletas com a mera desculpa que é um momento de lazer, de extravasar sentimentos ocultos que ficam tatuados na psique humana.
Tenho certeza absoluta que em algum momento da minha vida talvez já tenha experimentado - importante ressaltar inconscientemente - como protagonista das ações este pensamento e sentimento arrogante e desumano, ao mesmo tempo, fico feliz em pensar que quando tive a oportunidade, ou o bom senso para refletir sobre isto, assim o fiz. E, por consequência disto, consegui superar tais absurdos que só a mente humana é capaz de produzir.
Na política, participamos de uma falcatrua pseudodemocrática, sobretudo em tempos de eleição, em que se utilizam dos mais diversos meios de persuadir a população para um processo que de democrático não tem nada, aliás, do mais alto nível de uma ditadura é impossível, afinal não temos condições e livre arbítrio para escolher além dos que estão tentando o pleito. Pensem com a urna eletrônica, nem temos mais condição de protestar, pois um voto errado - aquele que sinalizei fora dos candidatos prováveis - tem o mesmo crédito de um voto de protesto - nulo. Portanto nunca saberão se o voto foi errado ou de protesto. Tecnologia a serviço de quem e para quem?!
E na escola ou espaço escolar, tendemos a criar situações mais confortáveis em detrimento da luta ou necessidade da reflexão sobre o processo ensino aprendizagem. Por exemplo, criamos - educandos e educadores - subterfúgios para facilitar nossa vida ou percurso escolar. Compreendemos muitas vezes o ensino como algo distanciado da realidade empírica. De certo, tenho a clareza que muitas coisas oferecidas e observadas na escola pouco servem para o desenvolvimento humano em sua totalidade, uma vez que muitos sinalizam - aqueles que possuem o algum poder, ou aqueles que gozam destes poderes, ou aqueles que nem sabem que isto existe - que é melhor ficar em um estado de ignorância e “deixar a vida acontecer”, ou “no andar da carruagem as abóboras se ajeitam”.
Ledo engano, quanto mais ignorantes, mais controle destes com e para aqueles. Insisto apenas em dizer que precisamos outro paradigma de existência, em que lutar por isto implica e “tensão constante”; “perda de condições a priori”; “rótulos que caracterizam subversão”; e “condições marginais à ordem e progresso”. A existência acima evidenciada está dotada de implicações filosóficas e sociais que atestam rupturas com os modelos que certamente “moldam” e “adestram” a continuação desta sociedade e por consequência desta humanidade funcional e continuista.
Este pensamento surge numa conversa de bar travada com um grande amigo de longas datas. Certamente com pensamentos convergentes. A sacanagem com ele é que me apropriei das suas reflexões, portanto internalizei tais conceitos e textualizei de maneira singular, contudo minha proximidade com ele me permite (iu) o livre pensar, pois o conhecimento está disponível a todos os mortais, portanto posso dizer, observando obviamente os espaços, que se faça algo bom com aquilo que se escuta e se observa, ainda que muitas vezes atitudes inconsistentes, erradas e unilaterais possam iludir os nobres mortais.
Uma vez pensando em acertar, dificilmente prejudica-se alguém, e se prejudicar, ressignifique seus conceitos suas ações e continuemos a praticar o bem em quaisquer circunstâncias evidentes. E uma máxima importante, ao pensar em totalidade humana, sejamos altruístas e não desejemos o bem aos outros por pensar que gostaríamos isto para nós, façamos o bem sempre pensando apenas em fazer o bem, portanto fortuitamente e sem o desejo da dádiva. Beijos, sejamos críticos, questionadores e amáveis. Bondade a todos, hasta la victoria siempre.

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