O fenômeno da inclusão social tem sido usado e
reproduzido com múltiplos significados. Dentre eles, a compreensão de que todos
os educandos devem ser integrados dentro do ensino normal e regular de
ensino. Independente dos conceitos e significados percebe-se a necessidade
de respeitar as diferenças de maneira a assegurar o pleno desenvolvimento de
cada indivíduo, uma vez que este possui enormes potencialidades a serem
exploradas. Inevitavelmente não podemos aceitar a exclusão como algo
normal, ou seja, naturalizar o processo. Afinal a participação coletiva e
convivência social permitem o livre transito das diferenças, sejam elas
biológicas, econômicas ou relacionais. E neste processo conflituoso e contraditório
que construímos socialmente as formas mais adequadas de se viver
coletivamente. Parece oportuno dizer que neste processo de construção de
relações, a busca de uma identidade coletiva permeia o campo de uma convivência
em todas as esferas de desenvolvimento socialmente aceito. Com isto, a exclusão
e as desigualdades vão ganhando espaço na medida em que avançam o campo
relacional permeado pela sobrepujança e na subserviência. Algo bem
possível de observação no âmbito das estruturas de classes, nas condições
materiais de convivência e na dependência econômica que possibilitam direta
influência na vida cotidiana, bem como na docilidade e no adestramento de
corpos para uma sociedade servil. A perpetuação dos paradigmas, dentre
eles os estereótipos sociais invisibiliza as possibilidades de reconhecimento
da diversidade cultural, das formas distintas de se pensar o outro, a sociedade
e a natureza, ou seja, o mundo vivido por nós. No contexto da diversidade
e do reconhecimento do outro como diferente inevitavelmente estará condicionada
a expressão do ser humano uma condição de pertencimento social, mesmo que este
seja ignorado, pois faz parte do contexto de vivência da nossa realidade, ainda
que exista o desprezo e a ausência de disposição dos atores envolvidos.
Eduardo
Cartier
**Esta
postagem faz parte do artigo intitulado Dialectics and social inclusion
in Physical Education. Publicado na Revista Lecturas Educación Física y
Deportes (Buenos Aires), v. 16, p. 1-1, 2011, por Eduardo Cartier, Isabel
Depiné, Vitor Angartem e Camila da Cunha Nunes.