“Ler uma história é tarefa muito árdua e delicada, pois esta carrega em suas entranhas todo o movimento e respirar de vidas; que entretecidas nos labores, lutas, dores e prazeres do cotidiano, foram definindo o tracejado de um espaço sem fronteiras, uma vez que suas margens se encontram e se perdem nas margens de outras histórias. Enganam-se os que, movidos por afoiteza e olhares limítrofes, reduzem a história a uma mera seqüência lógica de fatos, datas e/ou uma sucessão das conquistas do poder e dos atos de poder.”
(Lílian Blanck de Oliveira)
A idéia de produzir este breve texto é de trazer posicionamentos de alguns autores que discutem temática da educação e epistemologia, e de maneira sincrônica relacioná-la ou conflitá-la com vistas a uma reflexão dos caminhos da educação, seja ela formal ou não. Contrariando o posicionamento Schopenhauriano – afinal utilizo neste texto a peruca epistemológica por ele evidenciada – desenvolvo de maneira bastante pessoal a idéia de ter, buscar, ser, produzir um conhecimento plural, dialético, emancipatório e participativo. Para Cartier (2010) a pluralidade de formas de conhecimento, não simplesmente complementares, todavia reciprocamente desafiadoras, questionadoras, transformadoras e enriquecedoras permitem a aproximação da produção científica da realidade social. O conhecimento não se produz a partir de um simples reflexo do fenômeno, ele aparece para o ser humano a fim de desvendar o fenômeno, compreendê-lo, ressignificá-lo, de modo a melhorar a qualidade de vida das pessoas, desta forma o método para a produção do conhecimento assume um caráter fundamental (ANDERY e SÉRIO, 2000). Do ponto de vista; diretamente; da pesquisa Gamboa (2003) entende que o pesquisador não pode se limitar à utilização de instrumentos fechados, de quadros de categorias previamente definidas e de técnicas de análise de dados que levem ou não tratamento estatístico, entendendo que não se trata apenas da escolha de instrumentos e técnicas, também é selecionada uma determinada concepção de ciência e são escolhidos critérios diferenciados de rigor científico assim como um referencial teórico para interpretar os resultados. A educação e por sua vez a pesquisa deverá ser um dos eixos fundamentais de transformação da economia e do perfil produtivo de uma região, diante das atuais circunstancias e desafios (GADOTTI, 2000).
Portanto, a educação – seja ela no âmbito da pesquisa, extensão ou ensino - quando discutida e operacionalizada despojada de ranços históricos deterministas, oferece possibilidades de transformação da realidade social em que a manutenção dos espaços – de poder e de relações de poder - seja uma mera condição coletivamente decidida aos anseios dos sujeitos.
“Não sou aquilo que penso que sou,
e sim aquilo que você diz que sou,
mas não me importo, apenas me reconstruo”
(Eduardo Cartier)
Eduardo Cartier
30 de junho de 2011